Brasil
Considerando el creciente número de asesinatos de negros, muchos de ellos institucionalizados, y a partir de casos emblemáticos, nos proponemos interrogar el crimen y el criminal a la luz de la teoría psicoanalítica, así como el racismo estructural e histórico de países como Brasil y EE. UU. Cuestionamos si realmente hemos superado el racismo sistémico e indiscriminado del período esclavista brasileño, o si este racismo solo ha cambiado sus fundamentos, institucionalizándose y persiguiendo al negro como chivo expiatorio al que se autoriza el castigo legalizado, o como el mal encarnado y susceptible de padecer castigo. Sospechamos, por tanto, que un modo actual de esclavización parece permitirnos elegir al negro como criminal de nuestro inconsciente, para quien la muerte se permite, se justifica y hasta se hace necesaria, a fin de satisfacer el deseo de gozar por el sufrimiento ajeno, clasificando a esa parte de la sociedad como eliminable, ya que sostenemos un ideal de país que alimenta valores esclavistas y relega el mal social al negro.
Considering the growing number of murders of black people, many of whom were institutionalized, and based on emblematic cases, this paper aims to reflect on crime, the criminal, and the structural and historical racism of countries such as Brazil and the USA by following the psychoanalytic theory. It questions whether we have really overcome the systemic and indiscriminate racism of the Brazilian slavery period, or whether such racism has only changed its foundations, institutionalizing and persecuting black people as scapegoats against whom legalized punishment is authorized, or who are seen as evil incarnate and susceptible to punishment. Therefore, it seems that a current mode of enslavement allows us to choose black people as the criminals of our unconscious, for whom death is allowed, justified, and even necessary, in order to satisfy the desire to enjoy the suffering of the other, classifying that part of society as dispensable, since we support an ideal of a country that fosters slavery values and relegates evil to black people.
Face au nombre croissant de meurtres de Noirs, souvent institutionnalisés, et à partir de cas emblématiques, nous proposons d'interroger le crime et le criminel à la lumière de la théorie psychanalytique, ainsi que le racisme structurel et historique de pays tels que le Brésil et les Etats-Unis. Nous nous demandons si nous avons réellement surmonté le racisme systémique et indistinct de la période esclavagiste brésilienne, ou si ce racisme n'a fait que changer ses fondements en s’institutionnalisant et en persécutant les personnes noires en tant que bouc émissaire envers lequel l'on autorise une punition légalisée, ou comme le mal incarné et susceptible d'être puni. Notre hypothèse est donc qu'un mode d'asservissement actuel semble nous permettre de choisir les Noirs comme criminel de notre inconscient, pour lesquels la mort est permise, justifiée et même rendue nécessaire, afin de satisfaire le désir de jouir de la souffrance d'autrui, en classant cette partie de la société comme éliminable, à cause d’un idéal de pays qui nourrit les valeurs esclavagistes et relègue le mal social aux Noirs.
Considerando o crescente número de homicídios de negros, grande parte deles institucionalizados, e partindo de casos emblemáticos, nos dispomos a interrogar o crime e o criminoso à luz da teoria psicanalítica, bem como o racismo estrutural e histórico de países como Brasil e EUA. Questionamos se realmente superamos o racismo sistêmico, indiscriminado no período escravagista brasileiro, ou se esse racismo apenas mudou suas bases, sendo institucionalizado e perseguindo a pessoa negra como o bode expiatório a quem se autoriza a punição legalizada, o mal encarnado e passível de punição. Suspeitamos, em vista disso, que um modo de escravização atual parece permitir eleger o negro como um criminoso do nosso inconsciente, ao qual a morte é permitida, justificada e mesmo necessária, para suprir o desejo de gozo pelo sofrimento do outro, classificando essa parcela da sociedade como eliminável, visto sustentarmos um ideal de país que alimenta valores escravagistas e relega ao negro o mal social.