Marcelo V. Roehe
É corrente em publicações de psicologia sobre saúde a rejeição ao modelo biomédico e a compreensão de que seus fundamentos estão no pensamento cartesiano. Como contraponto, os trabalhos de psicologia enfatizam a visão biopsicossocial, os aspectos contextuais e o papel do comportamento e do estilo de vida no processo saúde-doença. Subjacente a este debate, há uma concepção de ser humano, a partir da qual os trabalhos de psicologia estudam o fenômeno da saúde. A proposta deste artigo é desenvolver a ideia de que a concepção de ser humano, implícita, em trabalhos de psicologia sobre saúde é compatível com o entendimento do modo de ser humano apresentado pelo filósofo alemão Martin Heidegger, em sua obra Ser e Tempo. Para isso, faz-se uma aproximação entre argumentos presentes em publicações de psicologia acerca da saúde e o entendimento heideggeriano do modo de ser humano como ser-no-mundo.