Ana Almeida, Carolina Saraiva de Macedo Lisboa, María Jesús Caurcel Cara
No presente estudo exploram-se as histórias elaboradas por adolescentes de 15 anos e analisam-se as explicações causais que pontuam as suas representa- ções sobre as relações de mau trato entre pares. No estudo utilizamos uma narra- tiva gráfica apresentada em cartões que é acompanhada de uma entrevista semi- estruturada (veja-se Almeida et al ., 2001). No seu conjunto, os cartões, à semel- hança de uma banda desenhada, apresentam uma história típica de mau trato entre pares, em contexto escolar, com a qual se pretende criar e evocar o cená- rio para a produção de narrativas pessoais. É este processo narrativo que dá azo à interpretação e inferência, às atribuições emocionais e aos juízos sócio-morais presentes nas explicações de mau trato. Estes aspectos foram codificados a par- tir da análise de conteúdo das entrevistas individuais, tendo-se para o efeito ela- borado um sistema de categorias com base na perspectiva relacional de Robert Hinde (1987). Os resultados serão discutidos à luz dos objectivos do estudo, procurando evidenciar a importância de ter presente o que os adolescentes dizem, pensam e compreendem acerca do mau trato entre pares ao delinear futu- ras intervenções.
The present study explores fifteen year-old adolescents’narratives and analy- zes the causal explanations which underlie their mental representations on peer victimization. In this study, we use a scripted-cartoon narrative which encom- passes a semi-structured interview (see Almeida et al., 2001). The set of carto- ons presents a prototypical story of school bullying aiming at eliciting an ade- quate scenario for the production of personal narratives. It is the narrative pro- cess that stimulates the interpretation and inference, emotional attributions and sociomoral reasoning allowing richer explanations for peer victimization. All these aspects were codified through a content analysis of individual interviews, based on a coding system previously elaborated following Robert Hinde’s rela- tional perspective (1987). Data is discussed taking into consideration the speci- fic goals of this study and, evidencing the need for research that will shed light on what adolescents say, think and how they reason and understand peer victi- mization in order to help designing future interventions.