Acceso usuarios
Ana Leonor Pereira
Em Portugal, foi também em finais do século XIX que alguns vultos médicos participaram na tarefa de cientificação do psíquico segundo o modelo médico organicista e no horizonte do materialismo evolucionista pós-darwiniano (Haeckel, Lombroso, Jackson, etc.). Com efeito, a naturalização do psíquico foi um processo que implicou, além da psicologia, da neurologia, da psiquiatria e da psicopatologia, várias disciplinas humanas e sociais emergentes como a antropologia, a criminologia e a sociologia. Em Portugal entre outros vultos médicos destacam-se Miguel Bombarda (1851-1910) como divulgador da psicologia científica alicerçada na teoria neuronal de Ramón y Cajal (1852-1934). Mais tarde, Egas Moniz (1874-1955) na mesma linha de investigação médica dá um contributo original, embora datado e controverso, recentemente abordado numa obra colectiva intitulada Egas Moniz em livre exame (coord. Ana Leonor Pereira e João Rui Pita, 2000). Nesta obra diferentes investigadores mostraram que Ramón y Cajal, Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1906, foi exemplo de investigador, modelo de cientista, tanto para Miguel Bombarda como para Egas Moniz. Ramon y Cajal foi assumido como ideal por Egas Moniz que acabará por ser contemplado com o Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1949.
Internacionalmente, o investimento médico na cientificação do psíquico continuou durante todo o século XX. Trata-se, sem dúvida, de uma constante na história da psicologia a par de outras linhas estruturais de investigação igualmente fundamentais.
