Lia Aguirre, Eduardo Bayon Britz
Diante dos imperativos de produção e consumo produzidos pelo neoliberalismo, o sono e o sonho se tornam uma barreira que o capital tenta constantemente superar. Buscamos, neste artigo, investigar de que maneira o sonho, a partir da intersecção entre a cosmologia yanomami e a psicanálise, pode representar uma forma de resistência aos imperativos impostos pela acumulação de capital. Para a psicanálise, as formações oníricas são um caminho privilegiado para o inconsciente, onde residem nossos conflitos e contradições. Para a cosmologia yanomami, os sonhos são uma forma de conhecer o mundo e os outros que o habitam. Propomos que, nessa relação, a psicanálise pode aprender com a cosmologia yanomami, ampliando ou ao menos tensionando conceitos como os de alteridade, sujeito e sonho.