Francisca Valeria De Sousa, Francisco Pablo Huascar Aragão Pinheiro
, Marselle Fernandes Fontenelle
, Claudia Osorio da Silva
, Giovana Mayra Liberato de Lima
A pressão por resultados em avaliações externas tem afetado o trabalho docente ao exigir que os alunos tenham desempenho satisfatório em testes padronizados. Objetivou-se investigar as repercussões das avaliações externas para a saúde de professores de Ciências Humanas (n = 4) das séries finais do Ensino Fundamental. O termo saúde foi definido, a partir da Clínica da Atividade, como a ampliação da capacidade de agir. Foi utilizado o método Carta ao Remetente para construção dos dados. O método propõe elaborar uma carta que conte a história das atividades do trabalhador e o convida a refletir sobre os enunciados produzidos nesta carta. Os professores relataram que eram coagidos a trabalhar os conteúdos exigidos nas avaliações externas, em detrimento de daqueles que não eram aí demandados. Prescrições verticalizadas desprezavam o contexto das escolas. A política de bonificação gerava rivalidades no coletivo de trabalho. A individualização das responsabilidades ia de encontro à natureza do trabalho pedagógico, eminentemente colaborativo. Os professores com vínculos precários tinham menos possibilidades para enfrentar as amputações ao poder de agir que as avaliações externas impunham. Estudos futuros podem analisar o papel dos diretores em uma organização do trabalho que definida em função do atendimento à demanda por resultados em exames gerais e as implicações disso para os docentes.
The pressure for results in external evaluations has impacted teaching work by requiring students to perform satisfactorily on standardized tests. This study aimed to investigate the repercussions of external evaluations on the health of Humanities teachers (n = 4) in the final years of Elementary Education. Health was defined, from the perspective of the Clinic of Activity, as the expansion of the capacity to act. The ‘Letter to Sender’ method was employed for data construction. It suggests composing a letter that narrates the story of the worker’s activities and invites them to reflect upon the produced statements. Among the outcomes, it was noted that teachers were compelled to focus on the content mandated in external evaluations. There was an imposition of norms from higher-ups that disregarded the teachers’ work context. The bonus policy fostered rivalries within the work collective. The individualization of responsibilities was at odds with the inherently collaborative nature of pedagogical work. Teachers engaged in precarious employment had less opportunity to resist the reductions to their power to act imposed by external evaluations. Future research may examine the role of school principals in a work organization pressured by the demand for results and the consequences thereof for teachers.