Ana Catarina Cordeiro, Maria José Santos
Introdução: A vivência do parto é única para cada mulher, e deixa uma marca de grande importância na sua vida. No entanto, este evento pode ser o gatilho para o aparecimento de diversos traumas psicológicos. O trauma psicológico no parto é um problema de saúde pública internacional, relatado por cerca de 45% das mulheres, e que pode ter diversas repercussões na qualidade de vida da mãe, do bebé e família. As mães que experienciaram trauma de nascimento, apresentam maior dificuldade em amamentar, em estabelecer vinculação com o bebé, referem alterações na vida sexuale apresentam baixa autoestima. Após uma experiência traumática de parto,as mulheres têm maior risco de ter um novo trauma ou de desenvolver medo do parto. De acordo com o regulamento de competências do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica, a intervenção na mulher com trauma psicológico de parto, está implicada nas diferentes áreas de atuação deste profissional, pelo que estudar esta temática se torna pertinente. Objetivos: Sistematizar conhecimentos sobre o diagnóstico, fatores de risco e intervenções no trauma psicológico no parto, tendo por base a evidência científica. Metodologia: Utilizou-se a revisão da literatura como metodologia para este trabalho, suportando a estratégia de aprendizagem baseada na resolução de um estudo decaso - Case-Based-Learning. Asinformações do caso clínico em questão foram obtidas através de uma entrevista com a utente e posterior consulta do processo clínico com a sua autorização prévia. A confidencialidade foi garantida em todos os momentos, e foi dado o seu consentimento para expor este caso. Resultados: A partir da análise do caso clínico, o diagnóstico de trauma psicológico no parto parece ser o diagnóstico mais provável. Seria por isso essencial confirmar o diagnóstico através da aplicação de uma escala de avaliação que permitisse realizar o diagnóstico diferencial com outras alterações psicoemocionais do pósparto. A utilização da técnica de Debriefing Pós-natal é apontada como bastante eficaz na abordagem ao trauma psicológico resultante do parto, tanto para as mulheres como para os profissionais de saúde que as acompanham. O Debriefing, é geralmente realizado uns dias após o parto e com a presença de um profissional de saúde (geralmente uma enfermeira obstetra), que pode ou não ter estado presente no parto, onde são revistos e discutidos os registos clínicos, e o “passo a passo” das práticas ocorridas. A tomada de decisão partilhada, a boa comunicação, o consentimento informado e o apoio contínuo positivo durante o parto têm o potencial de reduzir a morbidade psicológica após o nascimento. Conclusões: Destaca-se a expertise do EEESMO integrado na equipa multidisciplinar, tanto na prevenção, como na avaliação, diagnóstico e encaminhamento de mulheres com trauma psicológico de parto. Estes são os profissionais de saúde que mais contato têm com as mulheres durante o trabalho de parto e pós-parto, têm um conhecimento qualificado ao qual aliam um elevado grau de empatia, e têm por isso um papel de destaque no cuidado às mulheres, nomeadamente ao nível da saúde mental, durante o ciclo reprodutivo.
Introduction: The experience of childbirth is unique for each woman, and leaves a mark of great importance on her life. However, this event can be the trigger for the appearance of various psychological traumas. Psychological trauma during childbirth is an international public health problem, reported by around 45% of women, and which can have several repercussions on the quality of life of the mother, baby and family. Mothers who have experienced birth trauma have greater difficulty breastfeeding, establishing bonds with their baby, report changes in their sexual life and have low self-esteem. After a traumatic birth experience, women are at greater risk of experiencing a new trauma or developing a fear of childbirth. According to the specialist in maternal health and obstetric nursing competency regulations, intervention in women with psychological birth trauma is involved in the different areas of activity of this profession, which is why studying this topic becomes relevant. Objectives: Systematize knowledge about diagnosis, risk factors and interventions in psychological trauma during childbirth, based on scientific evidence. Methodology: A literature review was used as a methodology for this work, supporting the learning strategy based on the resolution of a case study - Case-Based-Learning. The information on the clinical case in question was obtained through an interview with the user and subsequent consultation of the clinical file with her prior authorization. Confidentiality was guaranteed at all times, and consent was given to expose this case. Results: From the analysis of the clinical case, the diagnosis of psychological trauma during childbirth seems to be the most likely diagnosis. It would therefore be essential to confirm the diagnosis through the application of an assessment scale that would allow for a differential diagnosis with other postpartum psychoemotional changes. The use of a Postnatal Debriefing technique is considered very effective in addressing the psychological trauma resulting from childbirth, both for women and the health professionals who accompany them. Debriefing is generally carried out a few days after birth and in the presence of a healthcare professional (usually a Midwife), who may or may not have been present at the birth, where clinical recordsare reviewed and discussed, and the “step by step” of the practices that occurred. Shared decision-making, good communication, informed consent, and ongoing positive support during birth have the potential to reduce psychological morbidity after birth. Conclusions: The obstetric nursing expertise stands out, both in prevention and in the assessment, diagnosis and referral of women with psychological birth trauma. These are the health professionals who have the most contact with women during labor and postpartum, they have qualified knowledge combined with a high degree of empathy, and therefore have a prominent role in caring for women, namely in terms of mental health, during the reproductive cycle.